TOC – A ORGANIZAÇÃO DO AMBIENTE

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Em termos psicanalíticos, Freud considerava mais difícil explicar a neurose obsessivo-compulsiva do que a histeria em decorrência da ambivalência que se estende por todos os aspectos da vida do indivíduo.

Etimologicamente derivado do latim, o termo obsessivo significa “ob” – a despeito de, e “stinere”, que significa uma posição própria. A terminologia, por si só, mostra a condição de ambiguidade/ambivalência existente no sujeito obsessivo.

Um indivíduo que possui traços obsessivos na sua personalidade é conhecido pela meticulosidade, pelo controle, pela disciplina, pela intolerância, pelo perfeccionismo, pela contenção em relação ao dinheiro, e mesmo que apresente algumas inibições, consegue realizar as atividades do cotidiano e conviver com o sofrimento decorrente de tais aspectos.

Porém, no que se refere aos sintomas obsessivos e compulsivos, as dúvidas ruminativas, os pensamentos cavilatórios, o controle onipotente, a frugalidade, a obstinação, os rituais e cerimônias e, os atos que são feitos e desfeitos continuamente sem finalização podem conduzir a um alto grau de incapacidade gerando intenso sofrimento, que, inclusive, pode se aproximar da psicose.

Freud, em 1909, reconhece o conflito entre o amor e o ódio como a possível base para a neurose e, em 1913, indica a organização pré-genital da libido, caracterizada por componentes pulsionais anais-sádicos.

Desse modo, a complexa explicação freudiana, coloca o ego submetido ao superego cruel e pressionado pelas demandas do id. E, basicamente, o que se tem é a presença do amor e do ódio em relação aos pais, o amor e o ódio relacionados ao desejo sexual, ao recalque das fantasias relacionadas ao desejo, a culpa pelos afetos e fantasias destrutivos e a angústia decorrente do medo da castração.

Existe outra explicação para as características e os sintomas obsessivo-compulsivos: uma tentativa de “adaptação” ao ambiente, uma forma de organização e controle (que, obviamente, escapa ao controle). Pode-se pensar que diante da amplitude do externo (ambiente), o indivíduo busca organizar os referenciais externos os ajustando aos internos.

E fracassa porque ele não tem esse poder. Então, estará fadado a repetir e a desdobrar os sintomas na busca do impossível, circulando em torno da própria necessidade, a priori, condenada ao fracasso.

 

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