Depressão unipolar maior

Depressão Unipolar Maior

A Depressão Unipolar se constitui na depressão que apresenta apenas sintomas depressivos.

Ou seja, nenhum sintoma das outras patologias (taquicardia, dormência nos braços ou rosto, oscilação de humor, fobias, delírios, alucinações, sensação de sufocamento, compulsões e tantos outros) se faz presente.

A Depressão Unipolar é, portanto, homogênea, sem comorbidades.

E, quando se instala, no seu percurso, apresenta três fases: Leve, Moderada e Grave.

Na primeira Fase, o indivíduo sente tristeza, desânimo, possui uma percepção negativa de si e do mundo, e diminui o ritmo das suas atividades cotidianas.

Ele sabe que algo está diferente, mas não sabe explicar exatamente o quê.

Alguns tentam, inclusive, disfarçar o próprio incômodo e a tristeza fugindo de conversas e situações que possam indicar o seu adoecimento.

E acontece que, na grande maioria dos casos, nessa Fase, o indivíduo ainda não identificou a retração de energia que está minando a sua motivação. E, no esforço de não chamar a atenção, se isola mais das pessoas no intuito de evitar qualquer tipo de interação social.

O deprimido, se iniciar a psicoterapia na Fase Leve, possui grande chance de superar a doença sem a necessidade de medicação psiquiátrica porque a química cerebral ainda não cronificou.

A psicoterapia – a cura pela fala – permite que ele conheça as causas e o impacto emocional da sua doença e crie recursos egoicos para enfrentá-las: acontecerá um processo de autoconhecimento e autofortalecimento.

No entanto, se a patologia evoluir de Leve para Moderada, ele deixará de executar algumas das atividades do seu cotidiano: eis o sinal de que as coisas estão piorando.

Nessa Fase, há consenso entre os profissionais de saúde mental de que o tratamento medicamentoso deve ser introduzido e os antidepressivos serão ministrados.

O adoecido, na Fase dois, falta ao trabalho, deixa de estudar, não sai com os amigos e a higiene pessoal começa a ser negligenciada.

Ele não consegue mais disfarçar que está doente porque as feições do rosto, a tonalidade da voz, a lentidão dos gestos e as ideias de culpa, inutilidade e autodesvalorização ocupam toda a sua existência.

Ocorre também o que é denominado de anedonia, ou seja, a perda do prazer em situações que antes lhe davam prazer. Nesse momento, se a ajuda especializada não aconteceu, ela se faz imprescindível. E quem convive com o adoecido terá um papel fundamental nos desdobramentos da situação.

O deprimido não pode ficar sozinho, precisa de acolhimento e apoio: o que deve surgir de quem ele ama e confia. O cuidado para não julgar, para não oferecer soluções, para não se colocar como referência de comportamento deve ser constante.

E se ele chorar sem motivo aparente, não se incomode, se ele permanecer em silêncios longos, permaneça ao seu lado com os silêncios longos, se ele falar sobre o tema morte, fale sobre o tema morte com serenidade.

O deprimido necessita do cuidado amoroso de quem o compreende e não se assusta com a sua doença.

No entanto, se não houver reversão, a patologia caminha para a Fase Grave atingindo o seu ponto mais doloroso e letal. Nesse estágio, os doentes relatam que perderam o sentido para continuar existindo.

Eis o que a depressão é: a perda do sentido para a existência. E, portanto, o adoecido deve escolher entre a continuidade ou não da existência.

Ele deve criar nova motivação e reagir à patologia. E fará isso por conta própria, avaliando a si mesmo e a Existência na sua totalidade.

Atenção: ninguém pode fazer isso por ele. Ninguém pode induzi-lo, convencê-lo, forçá-lo. Trata-se de uma escolha pessoal, trata-se da motivação que ele deve ser capaz de produzir.

Então, permaneça ao lado, continue apoiando, mantenha-se presença amorosa.

E pode ser que a situação seja revertida, como pode ser que não.

A depressão se constitui numa patologia que conduz à morte ou que pode ser curada. As duas possibilidades convivem desde o início e vai depender da reação do indivíduo.

Para finalizar.

As causas da doença? Há fatores psicológicos, neuroquímicos, fisiológicos, genéticos.

Os tratamentos? Já os mencionei: a psicoterapia e o acompanhamento medicamentoso.

O mais importante? O cuidado amoroso com o deprimido e a presença serena e confiante ao seu lado.

Ah, e por que Unipolar? Porque se trata de uma patologia em que apenas um dos extremos do humor está presente: a tristeza.

É isso.

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