ANOREXIA NERVOSA

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Dentre os Transtornos Alimentares, a Anorexia Nervosa, simplesmente conhecida como Anorexia, é o mais grave.

O referido distúrbio alimentar se caracteriza pelo peso abaixo do normal, pela ideia fixa de ser magra (o), pelo pavor de ganhar peso e pela imposição de severas restrições alimentares.

As pessoas nessas condições ao serem confrontadas, geralmente, negam o baixo peso porque se veem gordas. Elas apresentam a imagem corporal distorcida, ou seja, ao se olharem no espelho, mesmo estando (muito) magras, se veem gordas.

O cérebro das anoréxicas distorce os estímulos visuais captados diante da imagem no espelho e devolve a imagem com sobrepeso. O que significa, entre outras considerações, que o ideal de magreza autoimposto jamais será atingido.

Elas pesam-se constantemente, ingerem pequenas quantidades de alimento, fingem para as pessoas próximas que estão se alimentando, mas se livram do alimento escondendo, jogando fora, e até forçam o vômito ou ingerem laxantes para não ganhar peso.

E podem permanecer durante anos fingindo alimentar-se até que alguma complicação orgânica as conduza ao médico. E, diante do diagnóstico, as pessoas próximas, geralmente, se chocam porque não perceberam o que acontecia com a filha, a namorada, a amiga, com a qual conviviam todos os dias.

É importante ressaltar que a dificuldade das anoréxicas é com o ato de alimentar-se: por alguma razão (ou várias) o ato de alimentar-se é desagradável, sofrido e tende a ser evitado. E esse conflito as acompanha desde a infância, quando transformaram o ato de receber o alimento em desprazer e sofrimento.

Na adolescência, outra variável é associada ao desprazer pela alimentação: ao perseguirem o ideal de beleza perseguem a magreza. E, como sabemos, perseguem um ideal que jamais será alcançado em decorrência da distorção da imagem corporal. E, desse modo, o circulo se fecha criando para a anoréxica uma condição que, inclusive, poderá levá-la à morte.

Entre as complicações da doença estão a infertilidade, os problemas cardíacos, a osteoporose. As mulheres, muitas vezes, deixam de menstruar durante determinados períodos e acontece a diminuição da libido; nos rapazes surge a disfunção erétil e a dificuldade de atingir a maturação sexual completa, tanto no aspecto físico quanto emocional.

O crescimento pode ser retardado ou até interrompido resultando na má formação do esqueleto (pernas e braços curtos em relação ao tronco). E se a bulimia for praticada, ou seja, se a ocorrer a indução do vômito o resultado pode ser a descalcificação dos dentes e as cáries dentárias.

O tratamento para a anorexia consiste em devolver ao paciente o peso adequado, ou seja, o médico irá determinar o peso mínimo para uma vida saudável e o objetivo será atingir e manter essa meta.

Em todos os casos de anorexia que acompanhei, diante da meta estabelecida pelo médico, as pacientes tiveram que escolher entre continuar vivendo ou morrer e, as que optaram pela continuidade da vida, declararam que o fizeram por alguém próximo: filhos, marido, pai e mãe.

Ou seja, não seguiam com a vida por si mesmas.

E se declaravam infelizes desde sempre e não culpavam nem responsabilizavam qualquer pessoa pela própria infelicidade.

Em relação ao tratamento psiquiátrico, os medicamentos, se prescritos, serão para tratar a ansiedade e a depressão. E a psicoterapia também será recomendada, mas a adesão é baixa porque as anoréxicas não consideram que têm problema, elas apenas preferem morrer a serem gordas.

A anorexia nervosa ocorre mais em mulheres do que em homens, tem início, geralmente, na adolescência e começo da vida adulta. As causas indicam incidência genética, que podem estar associadas a características sociopsíquicas: traços obsessivos-compulsivos, necessidade de controle, intolerância a falhas ou imperfeições, forte adesão a regras estabelecidas, busca por padrões de conquista e realizações notadamente altos, dificuldade de aceitação pelo grupo (na adolescência), dificuldade com a autoimagem, dificuldade de lidar com a sexualidade genital emergente.

No que se refere aos familiares e amigos, é fundamental o apoio prestado e a compreensão em relação às dificuldades que envolvem o tratamento (que pode se estender por anos).

Assista ao vídeo:

 

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